Texto mais que generoso de João Caetano do Nascimento
Conheci Sueli Kimura de forma inusitada: uma imagem desenhada na minha
mente. Explico. Era uma tarde de sábado. Estávamos num sobrado do SOF
(Serviço de Orientação à Família) que emprestava o espaço para reuniões
do MPA (Movimento Popular de Arte). Eu conversava com o saudoso amigo e
grande poeta Severino do Ramo. De repente, ele tira de dentro de sua
bolsa a tiracolo um poema e o leu para
mim. Era um poema bonito, dedicado a Sueli. “Quem é essa tal de Sueli
Kimura?”, perguntei. Severino disse que era uma grande amiga dele, “uma
pessoa incrível”.
Já se foram mais de trinta anos, mas ainda
carrego viva a lembrança daquele sábado: a tarde nublada, a voz de
Severino, o brilho de seu olhar, nossa conversa, a ilusão da poesia e da
vida. Mas se me perguntarem qual foi a primeira vez em que eu vi Sueli
Kimura, em carne e osso, não consigo precisar, por maior esforço que a
minha memória faça.
Lembro, sim, da jovem oriental, miúda, voz
macia, junto com outras pessoas, no mesmo SOF. Era um pequeno grupo que
estudava e se preparava para aplicar na prática os ensinamentos do
mestre Paulo Freire. Além dela, o grupo era composto por um rapaz alto,
com óculos imensos, jeito de “cientista louco”, cujo nome era Eduardo,
pelo amigo e excelente poeta Cláudio Gomes, por um jovem barbudo de nome
Muniz e o próprio Severino.
Esse grupo se aproximou muito do MPA.
Assim passamos a nos encontrar com maior frequência com Sueli. Numa de
nossas infinitas reuniões, vislumbrei um furtivo olhar do sisudo Akira
em direção a ela. Pensei com meus botões, eles fariam um belo casal. O
mesmo pensamento que tive alguns anos depois ao ver Eder e Lígia. Meus
dons premonitórios, eu nem imaginava, que eram assim tão bons.
Vi o
namoro entre Sueli e Akira germinar discretamente. Testemunhei também
momentos difíceis dos dois, naquela época tão incrível e conturbada.
Partilhei, cúmplice, a felicidade de ambos com o nascimento da Clarice,
um pinguinho de gente, embora naquela época eu já estivesse um pouco
afastado do MPA e nossos encontros começavam a se escassear.
A vida
e as asperezas dos tempos nos afastaram. Reencontrei-os quase trinta
anos depois. Sueli ainda conserva a voz macia e o jeito doce de menina.
O tempo sequer ousou deixar nela suas marcas, parece a mesma jovem
daqueles tempos, com o mesmo dinamismo, a mesma alegria reservada e a
generosidade com todos. Revi também aquele pinguinho de gente. Clarice
já é moça feita, jeitinho decidido. Soube também do outro filho deles,
André, o caçula.
O MPA foi uma história bonita na vida de tanta
gente, momento de explosão de criatividade, de esperanças partilhadas,
de alguns desencantos também, de sons e sonhos, poesia e amor. Se algum
casal pode ser considerado como símbolo do MPA, em minha opinião, o
casal é Sueli e Akira. E revê-los hoje, mergulhados em mil projetos da
Casa Amarela e em tantas outras coisas, como se ainda fossem os jovens
daqueles longínquos anos 80, é lição de vida. Eles trazem consigo essa
estranha mágica de semear estrelas sempre, para iluminar os caminhos.
Parabéns ao casal Sueli e Akira !!!
ResponderExcluirAcompanhando sempre vocês, por aqui, pelo Blog do Akira, Facebook.
Sou fã de vocês, pela união, alegria e essência humana que nos passam.
Super Abraço !!!
Ahhh... mande abraços ao Akira e ao seu personagem "Dedo Mole" também, pois acompanho a saga e sou super fã !!!
Emílio, que prazer receber sua visita :)
ExcluirO bloguinho anda meio abandonado, não dou conta de FB e blog ao mesmo tempo, então os posts são meio que bissestos..
abraços