domingo, 4 de agosto de 2013

Nós, a jovem oriental do MPA e o tempo

Texto mais que generoso de João Caetano do Nascimento


Conheci Sueli Kimura de forma inusitada: uma imagem desenhada na minha mente. Explico. Era uma tarde de sábado. Estávamos num sobrado do SOF (Serviço de Orientação à Família) que emprestava o espaço para reuniões do MPA (Movimento Popular de Arte). Eu conversava com o saudoso amigo e grande poeta Severino do Ramo. De repente, ele tira de dentro de sua bolsa a tiracolo um poema e o leu para mim. Era um poema bonito, dedicado a Sueli. “Quem é essa tal de Sueli Kimura?”, perguntei. Severino disse que era uma grande amiga dele, “uma pessoa incrível”.
Já se foram mais de trinta anos, mas ainda carrego viva a lembrança daquele sábado: a tarde nublada, a voz de Severino, o brilho de seu olhar, nossa conversa, a ilusão da poesia e da vida. Mas se me perguntarem qual foi a primeira vez em que eu vi Sueli Kimura, em carne e osso, não consigo precisar, por maior esforço que a minha memória faça.
Lembro, sim, da jovem oriental, miúda, voz macia, junto com outras pessoas, no mesmo SOF. Era um pequeno grupo que estudava e se preparava para aplicar na prática os ensinamentos do mestre Paulo Freire. Além dela, o grupo era composto por um rapaz alto, com óculos imensos, jeito de “cientista louco”, cujo nome era Eduardo, pelo amigo e excelente poeta Cláudio Gomes, por um jovem barbudo de nome Muniz e o próprio Severino.
Esse grupo se aproximou muito do MPA. Assim passamos a nos encontrar com maior frequência com Sueli. Numa de nossas infinitas reuniões, vislumbrei um furtivo olhar do sisudo Akira em direção a ela. Pensei com meus botões, eles fariam um belo casal. O mesmo pensamento que tive alguns anos depois ao ver Eder e Lígia. Meus dons premonitórios, eu nem imaginava, que eram assim tão bons.
Vi o namoro entre Sueli e Akira germinar discretamente. Testemunhei também momentos difíceis dos dois, naquela época tão incrível e conturbada. Partilhei, cúmplice, a felicidade de ambos com o nascimento da Clarice, um pinguinho de gente, embora naquela época eu já estivesse um pouco afastado do MPA e nossos encontros começavam a se escassear.
A vida e as asperezas dos tempos nos afastaram. Reencontrei-os quase trinta anos depois. Sueli ainda conserva a voz macia e o jeito doce de menina. O tempo sequer ousou deixar nela suas marcas, parece a mesma jovem daqueles tempos, com o mesmo dinamismo, a mesma alegria reservada e a generosidade com todos. Revi também aquele pinguinho de gente. Clarice já é moça feita, jeitinho decidido. Soube também do outro filho deles, André, o caçula.
O MPA foi uma história bonita na vida de tanta gente, momento de explosão de criatividade, de esperanças partilhadas, de alguns desencantos também, de sons e sonhos, poesia e amor. Se algum casal pode ser considerado como símbolo do MPA, em minha opinião, o casal é Sueli e Akira. E revê-los hoje, mergulhados em mil projetos da Casa Amarela e em tantas outras coisas, como se ainda fossem os jovens daqueles longínquos anos 80, é lição de vida. Eles trazem consigo essa estranha mágica de semear estrelas sempre, para iluminar os caminhos.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Arrepio




Sou uma pessoa bastante racional, minha observação do mundo passa invariavelmente pela razão. Tento ampliar a percepção utilizando outros sentidos e quase sempre fracasso, mas ultimamente algo estranho tem me acontecido: o arrepio. 
No começo estranhei, pois é diferente de um arrepio de tesão,  frio repentino ou mesmo um susto. É um arrepio que começa no centro da cabeça e se espalha pelo corpo. 
Aos poucos fui percebendo que o arrepio acontece quando presencio um evento prazeroso como uma música especial, um belo texto, uma demonstração de afeto. Há pessoas que choram quando se emocionam, outras produzem endorfina, ficam felizes, outras tecem comentários com uma eloqüência invejável, mas eu, eu me arrepio
Ainda fico dividida, meu lado racional teme que seja sinal de enfarto iminente, um AVC talvez, mas há um lado ainda desconhecido que me dá pistas de que o arrepio em questão pode ser um ato de rebeldia do corpo se libertando das amarras da razão..

quarta-feira, 20 de março de 2013

Consciente coletivo

 Video produzido pelo Instituto Akatu


domingo, 17 de março de 2013

Nureyev


Nureyev - Le Corsaire




Nureyev

O vídeo é longo, mas nos permite vislumbrar a genialidade de Rudolf Nureyev