segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Meu amigo Tião Soares




Acredito que todo o ser humano se depara em alguns momentos com encruzilhadas onde tem que decidir que rumo dar a sua vida.
Estava eu levando uma vida confortável - filhos adultos, chá com as amigas, algumas viagens, idas ao shopping, mas bastante incomodada com a situação quando surgiu Tião Soares e me colocou numa dessas encruzilhadas.

Certa noite, o Akira talvez cansado de me ver criar projetos e não conseguir executá-los por não encontrar interlocutores, se utilizou de um estratagema e me levou a uma reunião comandada por Tião e seu fiel escudeiro Pedro Neto (de quem ainda pretendo falar neste blog).
Fui cheia de má vontade, já tinha ouvido falar da atuação da Fundação Tide Setúbal em São Miguel, mas tais assuntos não me interessavam mais. A reunião continuou e as palavras foram encontrando ressonância no meu cérebro de tal maneira que saí de lá entusiasmada falando pelos cotovelos com o Akira, mas ele, reconhecendo uma certa bipolaridade que me ataca às vezes e não querendo arriscar, me convenceu a participar de novo encontro dali a 15 dias e pacientemente me acompanhou durante quase um ano às reuniões quinzenais de formação comandadas pelo Tião.

As reuniões eram enriquecedoras, encontrei em Tião e no Pedro os interlocutores que tanto havia procurado. Deram visibilidade e credibilidade a mim e às minhas idéias, se tornaram meus parceiros e tiveram participação definitiva na minha talvez derradeira escolha.

Desde então tenho participado diretamente ou acompanhado à distância as peripécias de Tião Soares e sua equipe, reconhecendo sempre a enorme importancia de sua ação na vida cultural de São Miguel Paulista.

Eis que, num certo dia, recebo a notícia de que Pedro Neto havia deixado a Fundação, pronto, o sinal de alerta soou no meu cérebro, mas Tião ainda estava lá firme e forte. Era o que eu pensava.
De repente, não mais que de repente, Tião Soares é demitido da Fundação.
Tião subtraido da Fundação é uma matemática que não consigo compreender.

São Miguel perderá um grande aliado, mas penso que a perda maior será da própria Fundação que não contará mais com o seu incansável articulador.
Substituirão por outro profissional (de novo a lógica), afinal ninguém é insubstituível. Será?
Na minha modesta opinião, paixão, dedicação e lealdade somados à evidente competência são itens difíceis de encontrar no mercado, portanto insubstituíveis.

Já eu, egoistamente sinto que perdi um porto seguro a quem recorria para me reabastecer de cultura, energia e de abraços sempre disponíveis e calorosos.

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