Estava eu lendo o texto escrito por Contardo Calligaris na folha ilustrada (leitura atrasada, o jornal era de quinta-feira) que começava assim: " No domingo passado, Dia dos Namorados, uma amigo mandou flores para sua mulher com este bilhete: - Posso ser seu namorado ou continuo sendo seu marido?.. "
De repente me perdi na leitura e comecei a divagar sobre o casal que eu e o Akira formamos. Um belo dia, os filhos estavam crescidos, olhamos um para o outro e nos perguntamos - e agora, como será o resto de nossas vidas? Afinal, queríamos continuar juntos, mas como encurtar a distância que se instalou imperceptivelmente ao longo dos anos? Em uma decisão conjunta resolvemos quebrar o paradigma retratado no texto, o da acomodação, da inércia, da preguiça.
Confesso que no início foi difícil, começamos com um happy hour semanal, quase obrigatório, tipo batendo cartão, sem ter o que conversar.. enormes silencios, mas aos poucos redescobrimos coisas que tinhamos em comum, as conversas começaram a fluir.. reconheço que ainda é complicado, frequentemente precisamos renegociar o contrato, mas estamos muito empenhados na tarefa cada dia mais fácil e prazerosa de construir este novo casal.