domingo, 19 de junho de 2011

Por que acaba um casal?


Estava eu lendo o texto escrito por Contardo Calligaris na folha ilustrada (leitura atrasada, o jornal era de quinta-feira) que começava assim: " No domingo passado, Dia dos Namorados, uma amigo mandou flores para sua mulher com este bilhete: - Posso ser seu namorado ou continuo sendo seu marido?.. "
De repente me perdi na leitura e comecei a divagar sobre o casal que eu e o Akira formamos. Um belo dia, os filhos estavam crescidos, olhamos um para o outro e nos perguntamos - e agora, como será o resto de nossas vidas? Afinal, queríamos continuar juntos, mas como encurtar a distância que se instalou imperceptivelmente ao longo dos anos? Em uma decisão conjunta resolvemos quebrar o paradigma retratado no texto, o da acomodação, da inércia, da preguiça.
Confesso que no início foi difícil, começamos com um happy hour semanal, quase obrigatório, tipo batendo cartão, sem ter o que conversar.. enormes silencios, mas aos poucos redescobrimos coisas que tinhamos em comum, as conversas começaram a fluir..  reconheço que ainda é complicado, frequentemente precisamos renegociar o contrato, mas estamos muito empenhados na tarefa cada dia mais fácil e prazerosa de construir este novo casal.


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Puruba


Nosso amigo e padrinho de casamento Edsinho vivia nos convidando para conhecer sua casa em Puruba e eu vivia rejeitando os convites devido a um trauma adiquirido na juventude.

É que numa dessas aventuras juvenis fui acampar com alguns amigos em Ubatuba e o local era tão lindo e isolado que fomos todos nadar pelados no rio. Mal sabia que seria atacada por borrachudos vorazes que me causaram uma alergia medonha da qual demorei anos (à custa de muitas picadas de vacina anti-alérgica) para me recuperar. Desde então recusei todos os convites que me conduziam ao litoral norte.

De nada adiantava me garantirem que os temíveis insetos estavam sob controle graças à uma alma boa que os eliminava no nascedouro ou que se eu ingerisse vitamina K ou E, não me lembro, me imunizaria contra os ataques dos repugnantes seres. Nada absolutamente nada me convencia a ceder.

Até que neste final de semana, após anos de recusa, penalizada, pois o Akira​ queria muito conhecer Puruba, alegando que sem mim não iria, resolvi arriscar e munida de coragem, marido, filhos e muito repelente na bagagem, concretizamos o seu desejo.

Que deslumbramento!! Maravilhoso, um paraíso habitado basicamente por duas famílias. Os borrachudos ainda estavam lá, mas eram poucos, me deixaram em paz e foram atacar outra vítima desavisada, o pobre do Akira, mas este nem sentiu, já imune, curtido por anos em cachaça.